Carreira e a busca pela felicidade
Acima de qualquer ambição, sonho ou projeto, todos nós temos um objetivo de vida inegociável: a felicidade. O conceito de “ser feliz” é bastante vago, mas, cada vez mais, consolidam-se alguns preceitos que nos afastam das ilusões. Um deles é o de que ter dinheiro não é, necessariamente, estar feliz e de bem com a vida. E outro, cada vez mais admirado, é o de que é feliz quem trabalha fazendo algo que proporcione realização, sentimento de importância, bom relacionamento com seus pares e, obviamente, uma rotina que não exclua outras atividades, como convivência com família e amigos. Essa é uma boa explicação para o fato de a profissão de Prático de Navios ser cada vez mais cobiçada como melhor opção de carreira para quem quer ter uma vida plena e feliz.
Remuneração do Prático de Navios
Práticos de Navio têm uma excelente remuneração – esse é um dado conhecido e nada desprezível. Apesar disso, sabemos também que o dinheiro sozinho não é um passaporte para a felicidade. Diferentemente de outras profissões consideradas bem remuneradas, os práticos têm carga de trabalho regulada pela Marinha, que estipula jornadas mínimas e máximas de forma que todos os práticos de um determinado porto possam trabalhar e manterem-se sempre atualizados. O objetivo disso é evitar que o estresse excessivo comprometa as atividades do profissional. Apesar de estarem sujeitos às demandas e diretrizes da Autoridade Marítima, Práticos não são considerados nem militares, nem funcionários públicos: o Prático é um profissional autônomo que trabalha para a empresa de praticagem local e partilha dos lucros da mesma. Grande parte da renda dos práticos vem justamente da divisão desta receita. Essa condição profissional única faz da praticagem uma opção incrível, especialmente quando consideramos que o acesso a ela vem de um concurso público.
Praticagem e a qualidade de vida
A qualidade de vida proporcionada pela Praticagem está, em parte, na realização da função. O local de trabalho do Prático envolve paisagens naturais e urbanas ligados ao mar, verdadeiros cartões postais com as quais muitos candidatos ao título sonham a vida inteira. Práticos conduzem manobras de embarcações que envolvem milhões de dólares, o que é um trabalho de altíssima relevância para a economia. São fundamentais para a preservação do meio ambiente, pois zelam pela segurança das grandes áreas portuárias. E trabalham em um ambiente dinâmico, com grande variedade de pares de trabalho e em convivência com diferentes culturas. O complemento desse conjunto de características do ambiente de trabalho está fora dele: como têm turnos e períodos de trabalho bastante organizados, os práticos conseguem ter, de fato, boa parte de seu tempo dedicado à vida pessoal, aos amigos e a tudo que não é exclusivamente trabalho. Afinal, a melhor opção de carreira precisa ter também as melhores condições de vida fora dela.
A melhor opção de carreira é ser feliz
A ciência ajuda a entender o interesse crescente pela Praticagem. O psicólogo de Harvard Dan Gilbert, considerado um dos maiores especialistas do mundo em felicidade da atualidade, percorre o mundo com suas ideias e livros frequentando eventos como TED Talk e seminários nos quais pessoas de todas as idades e formações tentam entender os caminhos para ser feliz. Em entrevista ao jornal espanhol El País, Gilbert fez uma afirmação surpreendente:
“As quatro atividades cotidianas que trazem mais felicidade são gratuitas: fazer sexo, fazer exercícios, ouvir música e conversar. A campeã, de longe, é fazer sexo. E os estudos mostram que dar uma escapadinha até Paris deixa a pessoa mais feliz do que comprar um carro esportivo”, afirmou o psicólogo. Gilbert também destacou o papel da saúde física e a convivência com família e amigos, dando exemplos de coisas simples que podemos e devemos fazer em nossa vida diária. “Por exemplo, passar mais tempo com a família e com os amigos. É um conselho meio chato, mas é bom. Somos o animal mais social do planeta, qualquer que seja o critério. Por isso, não é de espantar que a maior parte da nossa felicidade provenha dos relacionamentos sociais. Cuide da sua saúde física, faça mais exercícios. É outro conselho meio chato, mas também é certo”.
Gilbert em momento algum defende que as pessoas persigam objetivos financeiros na busca pela felicidade. Mas também destrói, com habilidade, alguns conceitos exagerados. “O dinheiro não compra a felicidade? Sim, ele compra. Não existe nenhum estudo que mostre que um euro a mais faça diminuir a felicidade”, diz Gilbert, ressaltando que não é prudente concentrar apenas neste pilar a vida pessoal e profissional. Felizmente, esse é um aspecto a favor da Praticagem frente a outras profissões.