As principais dúvidas sobre a carreira de Prático de Navios.
Durante uma live realizada em nosso canal do Youtube, o Prático Hercules Lima e os Professores Nicolas Klachquin e Thyago Kufner responderam às principais perguntas relacionadas ao universo da Praticagem que nos chegam diariamente por meio das nossas redes sociais.
Selecionamos os trechos mais relevantes da videoconferência para que você também conheça detalhes importantes da profissão.
Para fazer o concurso de Prático, é necessário estar trabalhando na área marítima?
Prático Hercules: De forma alguma! Não é preciso estar trabalhando na área marítima. O principal pré-requisito — na verdade, o único que apresenta uma certa dificuldade para ser obtido — é ter ensino superior ou curso de tecnólogo em absolutamente qualquer área de formação. Se o seu curso for reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC), você está elegível para participar da seleção.
O acesso ao cargo de Prático se dá somente por concurso público?
Prof. Nicolas: Na verdade, trata-se de um processo seletivo (para se obter uma habilitação), e não de um concurso público. É um processo organizado e regulamentado pela Marinha. Todos os requisitos para participar constam na NORMAM-12, que é a publicação que rege o Processo Seletivo à Categoria de Praticantes de Prático.
Prof. Thyago: De maneira geral, além de ter ensino superior ou tecnólogo reconhecido pelo MEC, é preciso ter, no mínimo, a habilitação de Mestre-Amador.
Prático Hercules: Há, também, requisitos mais genéricos, tais como a idade mínima de 18 anos, ser brasileiro ou naturalizado, estar em dia com as obrigações militares (para candidatos do gênero masculino) e eleitorais (para todos os candidatos) e não ser militar reformado por incapacidade definitiva ou civil aposentado por invalidez.
Preciso falar inglês para me tornar Prático?
Prof. Nicolas: Em relação à primeira etapa do processo seletivo, que é a prova teórica: das publicações previstas no último edital, algumas são na língua inglesa. No entanto, não é obrigatório que você tenha um profundo conhecimento de inglês para estudá-las. As apostilas do Curso H, por exemplo, são todas traduzidas. Nas provas de 2006 e de 2008, algumas questões vieram escritas em inglês. Nas duas últimas provas (2011 e 2012), todas as questões vieram traduzidas. Então, para a 1ª etapa, não saber o idioma não foi um impeditivo para ninguém.
A 4ª etapa, que é feita em um simulador de manobras, de fato é conduzida na língua inglesa. No Passadiço, o Prático dá ordens ao Comandante em inglês. Entretanto, são ordens padronizadas. Você não precisa ser super fluente, basta saber aquelas palavras e frases específicas para poder realizar a orientação.
Prático Hercules: Independentemente de cair muitas, poucas ou nenhuma questão em inglês na prova escrita, você vai ter que saber um pouco do idioma para estudar para ela. Você não pode apostar que não vai cair nada em inglês… tem livros da bibliografia que são em inglês, então é preciso saber o básico da língua para se preparar. Não precisa ser avançado, “expert”, ter sotaque de Cambridge, nada disso. Mas é necessário saber o básico. Para quem é zerado, é difícil iniciar um livro técnico completamente em inglês de cara, sem ter a ajuda de algum curso. Por isso, é importante ter uma base, mas não é preciso ter o nível avançado. Muita gente acha que o inglês técnico é mais difícil, mas, uma vez que você domina o vocabulário e as palavras técnicas mais utilizadas nas publicações — e isso é ensinado em nossos cursos —, o texto fica bem mais fluido do que ler um jornal, por exemplo, no idioma em inglês.
A prova Prático-Oral (4ª etapa) é realizada em um simulador de manobras. Durante a prova, você vai participar de uma simulação em que irá falar inglês o tempo todo. Porém, por se tratar de um inglês técnico, todas as coisas que você precisará falar são ensinadas e aprendidas. Nós conseguimos ensiná-las em sala de aula e o aluno tem plenas condições de utilizar o conhecimento adquirido com certa fluidez no momento da avaliação. Por fim, no dia a dia da profissão, você dará continuidade a tudo que estudou e aprendeu em sua preparação.
Por onde começo a estudar para o PSCPP?
Prático Hercules: O estudo deve começar pela teoria. Não adianta você querer fazer exercícios, resolver questões e pegar simulados anteriores de um assunto que ainda te falta um embasamento teórico. Esse estudo deve passar pela leitura dos livros originais. Se você for aluno do Curso H, você vai seguir a recomendação da casa. Você será guiado ao longo de um processo de aprendizado e de construção de conhecimento, que vai iniciar com a teoria, depois, aos poucos, vai mesclando com exercícios de fixação (Sistema H Quest). Na etapa seguinte, a gente entra com a resolução de exercícios mais intensiva e estruturada até chegar na prática de simulados. Isso é um processo. Para quem pretende estudar sozinho, é preciso se debruçar na bibliografia original que é cobrada no edital, digerir e depois pensar em fazer questões.
Prof. Thyago: Na minha experiência, a grande dificuldade que eu tive no início, por não ser da área marítima, foi entender a extensão da matéria. Tudo era novo, uma linguagem completamente diferente do que eu conhecia. Por exemplo, em Legislação, eu não sabia que uma lei se ligava à outra, ou complementava outra. Eu não tinha noção desse espaço. Para quem está começando agora, o nosso Curso Básico abrange toda a matéria num tempo menor, te dando uma noção de todos os conteúdos cobrados no edital. Senti falta de uma estrutura assim no começo da minha preparação.
Qual o tempo mínimo de estudo?
Prático Hercules: Isso depende muito de quanto tempo disponível a pessoa tem para estudar ou a facilidade que ela possui para aprender coisas novas. Essa pergunta é um pouco abstrata, varia de caso para caso. Eu diria que com menos de um ano e meio é difícil ficar pronto. Existem pessoas que são acima da média, mas com menos de um ano e meio não é muito fácil não. Isso pegando firme nos estudos.
Prof. Nicolas: Eu concordo. Acredito que um ano e meio a dois anos é o tempo ideal para a pessoa ficar confortável. Claro que existem as exceções, pessoas que têm mais facilidade ou um conhecimento prévio do conteúdo, mas acredito que esse seja o tempo mais aconselhável.
Prof. Thyago: Tenho conhecidos que foram aprovados com oito meses, enquanto outros não foram aprovados com três anos de estudo. É bem pessoal. Mas, nesse período, é essencial que a pessoa consiga estudar toda a matéria e foque no que realmente interessa.
Veja a live completa no YouTube!
Além da transcrição desses trechos, você também pode assistir ao bate-papo completo com todas as perguntas recebidas em nosso canal: