O relato de quem já passou
Buscando sempre manter nossos futuros Práticos e entusiastas da Praticagem informados, damos início hoje a uma nova série que consistirá em entrevistas com Práticos que se prepararam para o concurso no Curso H! Nas entrevistas vocês terão acesso ao relato e conselhos de quem já passou, quais foram os desafios nessa jornada e como é hoje a vida trabalhando como Prático de Navios.
Nosso primeiro entrevistado é o Prático Caio Frare, da Zona de Praticagem (ZP) 16!
Ouça a entrevista no Youtube
Além da transcrição abaixo, você também pode ouvir a conversa na íntegra em nosso canal do Youtube:
Transcrição entrevista Prático Caio Frare
Entrevistador – Então, Caio. Conta para a gente: há quanto tempo você é Prático, e em qual ZP você trabalha?
Prático Caio – Eu passei no concurso de 2011, aí até finalizar o estágio foi em 2013 que eu comecei a trabalhar em Santos, na ZP 16 de São Sebastião.
Entrevistador – E como você conheceu a Praticagem, Caio?
Prático Caio – Foi através de um amigo que estava estudando para o concurso de fiscal, e aí, não sei como ele soube disso, da Praticagem, a gente conversando um dia, ele me apresentou o que era. A gente começou a pesquisar meio junto, e foi a partir daquele momento em 2008, final de 2008, que comecei a estudar. Ele queria estudar também, acabou não estudando naquela oportunidade. E foi assim, em uma conversa de amigos, assim que eu soube da Praticagem
Entrevistador – E como é que foi essa decisão de “cara, vou virar Prático. É isso que vou fazer agora”?
Prático Caio – Pois é. Eu tinha me formado em Administração em São Paulo e tinha voltado para o interior, e aqui eu estava trabalhando para o meu pai no escritório dele, mas queria fazer alguma coisa diferente. Aí veio a calhar quando esse meu amigo falou sobre a Praticagem. Comecei a me interessar, de como seria o trabalho, um trabalho assim que não é de escritório, é um trabalho mais livre, mais ao ar livre assim. Aí juntou as duas coisas né, eu estava aqui no interior, buscando me acertar, que eu não queria morar em São Paulo, estava trabalhando em São Paulo, pedi demissão e vim para São João. Aí no final… eu comecei a estudar. Gostei do que era, comecei a estudar, entender o que era a Praticagem, o que fazia, como fazia, busquei me informar sobre o assunto e decidi partir para o estudo.
Entrevistador – Durante a sua preparação, qual foi o maior desafio que você encontrou?
Prático Caio – Rapaz, como eu não sou da área, sou formado em Administração, então acho que o maior desafio foi a parte de engenharia, do PNA, que é bastante complexo. É numa outra língua que assim, a parte técnica, apesar de eu ter um bom inglês, um inglês fluente, a parte técnica é sempre delicada. Acho que o maior desafio foi esse. Desvendar o PNA. Mas, como eu estava bastante focado, bastante determinação, acabou que avançou, passei por isso, não teve problema, mas com certeza esse foi o maior entrave durante o estudo.
Entrevistador – E como foi a sensação no dia que você soube que passou?
Prático Caio – Olha, eu tive duas sensações muito boas. Quase indescritíveis. A primeira foi quando eu realmente tinha passado. Como eu não vim da área, estava com uma expectativa mediana de passar, queria muito passar, me dediquei bastante durante dois anos e meio full time. Então eu queria passar e fiquei muito contente. A surpresa maior foi quando passei pra Santos, que tinha apenas uma vaga. Quando terminou a parte da prova Prático-Oral e coloquei minha nota lá numa tabela que eu tinha feito de Excel para classificar todo mundo, e quando eu vi que era Santos ainda, a ZP que eu queria, perto de casa, foi uma emoção que só fui sentir plenamente dois dias depois, que caiu a ficha, aquela coisa toda. Então foi muito impactante, uma felicidade muito grande ter conseguido passar para a minha ZP de escolha número um. Que é uma ZP bastante concorrida. E eu, sem pontos de título nenhum, conseguir pegar a única vaga, foi quase um milagre. Eu brinco que é uma mistura de preparação, que eu estava muito bem preparado, e um pouquinho de sorte também né, não tem como não atribuir um pouquinho de sorte para essa minha conquista. Eu acabei tirando 19 pontos na prova Prático-Oral e foi isso que conseguiu me colocar na primeira opção.
Entrevistador – Hoje, como Prático, qual o melhor aspecto da carreira para você?
Prático Caio – Olha, com certeza o melhor aspecto é a forma como a gente trabalha de escala. Que a gente tem uma flexibilidade muito grande de trabalho né, então eu consigo, apesar de ter a escala fixa lá, consigo trocar com colegas quando por algum motivo tenho algum compromisso. Acontece alguma coisa que eu não posso trabalhar naquele dia, troco com um colega, Isso é bastante fácil de fazer, essas trocas. Então eu acho que a coisa mais vantajosa que vejo é essa, a gente fica com tempo bastante disponível, apesar de ser um trabalho árduo durante a escala, quando a gente está planejando a escala a gente consegue mudar, quando tem o casamento de alguém, algum compromisso que gostaria de estar, a gente troca e nunca tive nenhum problema para conseguir esse tipo de troca, então isso é o que eu acho de mais interessante.
Entrevistador – Para fechar, você tem algum conselho para quem pensa em se tornar Prático hoje em dia?
Prático Caio – Rapaz, o que eu posso falar é o que eu fiz, que é me dedicar muito. Eu me dediquei full time, entrei de cabeça no estudo quando decidi. Fui apoiado pelos meus pais, mas, quando eu decidi, estudava muito, muito focado. Como é uma matéria muito extensa e muito específica, às vezes a gente estudar sem estar muito concentrado, sem muita determinação, e acaba que a gente fica perdendo tempo né. Fica achando que está estudando e não está. Então, o conselho que eu dou é: foque, estude muito e faça disso o seu dia a dia. Porque foi assim que eu passei. Estudei muito. Não tem outro jeito. Não existe esse negócio de “ah, é de pai para filho”, essas coisas. Eu sou uma pessoa que não conhecia nenhum Prático, nem uma pessoa envolvida nisso, e, no meu primeiro concurso, depois de estudar muito mesmo, consegui passar para uma ZP concorrida. Então, o único fator limitante para quem quer passar é o estudo.
Entrevistador – E vale a pena, né?
Prático Caio – Vale muito a pena. É uma profissão onde eu me encontrei. Gosto muito de manobrar navios, é um negócio que eu sinto prazer. Um dos maiores prazeres é quando a gente termina a manobra, atraca lá bonitinho, e o comandante vem e aperta a sua mão, “po, foi um ótimo trabalho, muito obrigado”, te agradece. É muito gratificante escutar isso do comandante, que você fez um ótimo trabalho, atracou seguramente. É muito gostoso. É uma profissão onde a gente se realiza em vários aspectos.
Entrevistador – Muito obrigado Caio, de verdade. Foi um depoimento incrível.
Prático Caio – Fico contente em ajudar. Ajudar não, dar esse depoimento, porque o Hercules também foi… eu, e o pessoal que estava estudando comigo, a gente foi da primeira turma do Curso H e com certeza agregou bastante coisa. A gente já estava em um nível bastante avançado, e durante as aulas do Hercules a gente falou “po, a gente gastou tanto tempo para chegar em tais conclusões, e no curso aqui a gente recebe isso mais facilmente”. O curso oferece esse tipo de coisa. Ajuda bastante a clarear algumas coisas. Foi muito bacana.
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2 respostas
Preciso saber mais sobre o curso.
Vc pode me passar as informações pelo zap?
Obrigado
Olá, André.
Entraremos em contato com você!
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