Lancha de Prático ao lado de navio no mar

Entrevista com Prático – Hercules Lima

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“O que conta para você aumentar seu nível de conhecimento é o tempo de estudo.”

Conheça a inspiradora história de foco e determinação do fundador do Curso H, o Prático Hercules Lima da ZP-14. Na quarta edição da nossa série “Entrevista com o Prático”, ele nos conta em detalhes a sua trajetória até passar no concurso e entrar para a profissão. Confira!

Transcrição da entrevista com Prático Hercules Lima

Entrevistador: Hercules, como foi o começo da sua vida profissional? A gente sabe que você fez parte da Marinha. Como foi esse começo?

Hercules: Foi como todo começo de vida profissional. A gente vive num mar de interrogações, de dúvidas… a gente não sabe exatamente o que quer ser e fazer da vida. Acho que isso acontece com todo mundo e comigo não foi diferente. Eu entrei para a Marinha muito novo, com 15 para 16 anos, e muito rapidamente eu me dei conta de que não era aquilo que eu queria para mim. Senti que eu estava no lugar errado, mas ainda assim continuei por muitos anos na Marinha. Quando saí, já estava com 18 anos de casa.

Entrevistador: Já tinha feito uma carreira lá…

Hercules: Exatamente, mas desde o começo — no fundo, no fundo — eu sentia que aquela carreira não era para mim. Não que eu tenha qualquer coisa contra a carreira militar, ou os militares em geral. Pelo contrário, eu até admiro bastante a carreira, só que não era para mim. Eu nunca fui militar na minha essência, então senti que tinha que fazer alguma coisa diferente. Em algum momento, a Praticagem cruzou o meu caminho e aí eu segui.

Entrevistador: E como surgiu essa consciência que te fez tomar essa decisão de sair da Marinha?

Hercules: Houve duas grandes etapas, dois grandes estágios. Minha primeira investida na praticagem aconteceu em 1995. Eu estava indo para o terceiro ano da faculdade — a Escola Naval — e estava muito decidido a sair, a não me formar na Marinha. Foi aí que tomei conhecimento da atividade de Praticagem. Naquele momento, era muito difícil conseguir informação, pois ainda não existia fácil acesso à internet. Mas enfim, consegui juntar o material que na época era super difícil conseguir. Era preciso ir a bibliotecas para tirar xerox de livros que você não conseguia comprar, não era possível fazer download de nada, mas consegui juntar o básico e comecei a estudar. Estudei forte por uns 8 meses mais ou menos, eu devia ter uns 21 anos, algo assim. Não precisava ter curso superior naquela época, mas hoje precisa ter algum curso superior em qualquer área. Se eu tivesse passado naquele ano, 1995, teria sido o Prático mais novo do Brasil. E aí bati na trave. Eu fiz essa prova em Manaus. Inclusive, tive que fugir da Escola Naval. Essa história é interessante… naquela época, o concurso era feito para uma Zona de Praticagem especificamente, não como é hoje, que você pode optar por todas as Zonas de Praticagem e a prova é feita no Rio de Janeiro. Na época, se você quisesse ser Prático em Manaus, tinha que pegar o avião, ir até Manaus e fazer a prova lá. Se quisesse trabalhar no Rio de Janeiro, tinha que ir até o Rio e fazer a prova lá. Em todos os lugares para onde tinha vaga, a prova era aplicada no mesmo dia e no mesmo horário, só que em diferentes locais do Brasil.

Entrevistador: Você então não podia nem concorrer a todas as Zonas de Praticagem?

Hercules: Não, você não podia concorrer a todas as ZPs. Então, como eu era muito novo e me julgava inferior, em nível de conhecimento, aos profissionais das Ciências Náuticas e ao pessoal que era formado na Marinha de Guerra e na Marinha Mercante, decidi ir para Manaus porque achava que lá teria mais chances. Fugi do regime de internato da Escola Naval no meio da semana, peguei um avião para Manaus e foi tenso… foi complicado chegar e fazer aquela prova. Mas deu tudo certo, “semi-certo”, não deu muito certo porque não passei. Se tivesse passado, teria dado mais certo rsrs. Mas consegui fazer a prova, foi uma experiência, um aprendizado, e o curioso é que eu fiquei em primeiro lugar naquele concurso. Em Manaus, era uma prova de 50 questões, tinha uma hora para fazê-la e o mínimo para não ser eliminado era acertar 50% da prova, ou seja, 25 questões. Eu fiz 24. Não passei por uma e mais ninguém passou. Eu fui o primeiro colocado naquela Zona de Praticagem.

Entrevistador: E ninguém passou?

Hercules: Ninguém passou, não houve novos Práticos naquele processo seletivo para a Zona de Praticagem de Manaus. Essa foi a história da minha primeira tentativa de me tornar prático. Aí voltei e decidi que ia me formar e, depois de formado, ia ver o que faria. Naquele momento, cheguei a pensar em abandonar completamente a carreira militar, a sair da Escola Naval. Mas tive um grande mestre, um mentor e professor de História, Antônio Luiz Porto e Albuquerque. Eu conversava muito com esse professor, ele me convenceu a me formar e depois eu sairia da Marinha e faria outra coisa. Talvez Praticagem, talvez outra coisa completamente diferente no mercado financeiro, algo que eu tinha como plano B também. Resolvi me formar, fazer aquela viagem de circunavegação (a volta ao mundo que os oficiais da Marinha fazem quando se formam) e só fui pensar em Praticagem no concurso de 2008, muito anos depois. De 1995 a 2008, foram 13 anos entre minha primeira tentativa e a segunda, que foi quando eu realmente ingressei para a Praticagem.

Entrevistador: E como foi o primeiro contato que você teve com a Praticagem, para você cogitá-la como profissão?

Hercules: João, é até difícil lembrar. Eu sei que estava na faculdade, terceiro ano de Escola Naval e escutei sobre, mas não sabia exatamente o que que era a profissão, não lembro quem me falou dela…a informação apenas chegou. Eu estava dentro da faculdade da Marinha, da Escola Naval, e fiquei sabendo que tinha uma profissão chamada “Prático”, que manobrava navio, pegava a parte boa da navegação, que é o comecinho e o final dela, manobra de navio, e que era uma profissão bem remunerada, que era legal, que tinha uma série de benefícios, estabilidade e você não tinha que viajar, podia ficar perto da sua casa, da família. Não tinha que fazer um embarque longo, demorado, não tinha que ficar meses em alto mar, não tinha nada disso. Coisas que na Marinha eu, eventualmente, teria que fazer. Então o pacote me pareceu muito atrativo. Mas a escassez de informação era muito grande. Hoje é muito mais fácil a gente descobrir sobre qualquer profissão exótica, naquela época era bastante difícil.

Entrevistador: Você teve contato com algum Prático nessa época?

Hercules: Naquela época, não. Não tive contato com nenhum Prático. Tive contato com duas pessoas que eu acabei descobrindo que também estavam estudando, mas acabamos não trocando muita informação. Uma delas, que veio a ser meu sócio depois em Vitória (ES), era um oficial e eu era aluno, então a gente não podia ter um contato muito próximo para trocar informações. Tivemos essa interseção em algum momento enquanto nós estávamos estudando. Ele passou naquele ano, 1995, e eu não. Só fui passar treze anos depois.

Entrevistador: E essa segunda prova, a fatídica, como foi a decisão e a preparação?

Hercules: Essa segunda prova demorou bastante porque minha vida mudou radicalmente logo depois que eu me formei na Escola Naval. Eu tinha como plano, assim que eu voltasse daquela viagem de volta ao mundo, sair da Marinha e ir para o mercado ou estudar para o concurso de Prático. Possivelmente o mercado financeiro, esse era o meu plano. Só que logo que eu me formei, pouquíssimo tempo depois, a Marinha comprou 23 caças e um porta aviões e começou a “refundar” a aviação naval de caça e ataque. Eu sou da geração que assistiu ao filme “Top Gun”, do Tom Cruise… aquilo mexeu comigo e eu disse “eu tenho que fazer isso”. Teve um lado passional. Fui passando pelas seleções, fui sendo aprovado e aí fui selecionado para treinar na Marinha Argentina. Foram dois anos de treinamento na Marinha Argentina, um básico e um intermediário, já voando com um “caça de instrução”. Depois fui para a Marinha Americana, passei mais dois anos lá, pousando em porta aviões, fazendo um monte de coisa legal e nada relacionado à Praticagem. Terminou todo esse processo de formação como piloto de caça, voltei para o Brasil, fiquei mais um tempo, até que, de novo, comecei a ter aquele comichão de “puxa, tenho que fazer alguma coisa diferente”. O voo tá legal, mas o piloto de caça tem uma vida operacional relativamente curta. Você começa a ficar um pouquinho mais velho, vai passando para funções administrativas e acaba que quem voa muito é o pessoal novo, a “tenentada”. Em determinado momento, comecei a resgatar a minha ideia de sair da Marinha e fazer alguma coisa diferente, já não estava voando muito na Marinha.

Entrevistador: Você olhou lá na frente, não foi? A perspectiva de futuro.

Hercules: Exatamente. E aí, novamente, bateu aquela dúvida. E agora, o que é que eu vou fazer? Eu sei o que eu não quero fazer pelo resto da minha vida, mas o que eu quero fazer? Cheguei a me matricular em um MBA na UFF. Conversei com um headhunter, que me recomendou fazer um MBA para adquirir algum conhecimento específico fora do que é a Marinha, fora do universo de conhecimento que eu tinha até então, que era aviação naval e Marinha. “Faz um MBA, vai ser importante também para networking”, ele disse. Eu fiz a matrícula e, antes do primeiro dia de aula, a Marinha me mandou para Brasília para fazer um curso de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos, um curso de dois meses. Aí eu tranquei o MBA que eu nem tinha começado. Quando voltei desse curso em Brasília, dois meses depois, alguma coisa me “clicou” para a Praticagem. Eu voltei a enxergar a Praticagem como uma alternativa interessante. A turma seguinte do MBA era dali a seis meses, então quando voltei de Brasília para o Rio de Janeiro, em 2006, eu já voltei estudando para o concurso de Prático. Agora lembrei o porquê desse assunto voltar à tona, o assunto Praticagem. Porque a gente estava perto de um concurso, o de 2006, que foi para uma Zona de Praticagem única, a de Fazendinha-Itacoatiara (ZP-01), e quando eu fiquei sabendo daquele processo seletivo já estava meio em cima da prova e eu decidi que não ia estudar para ele, mas sim para o próximo. As outras Zonas de Praticagem do Brasil já estavam há 10 anos sem ter processo seletivo, então tinha um ruído forte, um boato forte de que, em breve, ia abrir um processo seletivo para várias Zonas de Praticagem.

Entrevistador: Você sentiu no ar, certo?

Hercules: Isso. Em 2006, esse boato ficou forte, ganhou tração. Aí eu voltei desse curso de Brasília e não tinha o MBA para fazer, que só seria dali a seis meses, e decidi que ia retomar o projeto de estudar para Prático. E aí, de novo, aquela trabalheira para conseguir material. Não era fácil na época. Em 2006, a internet existia, mas estava engatinhando. Você não conseguia baixar as coisas que se consegue baixar hoje. Uma via sacra de novo para conseguir material, xerocar livro que você não conseguia comprar na época, enfim…

Entrevistador: E nessa preparação, como era a sua rotina de estudos? Do momento em que você soube que, de fato, iria acontecer o concurso de 2008, como engatou na sua rotina de estudos?

Hercules: Em 2006, quando comecei a estudar, eu não sabia quando ia ter outro concurso. Como eu disse, tinha um zumbido forte que haveria um processo seletivo em breve. Os primeiros 4 meses de estudo eu acho que são os mais difíceis porque você não tem uma rotina estabelecida. Qualquer coisa te distrai e você, enquanto está estudando, fica com a cabeça no mundo exterior. Você tem uma sensação de que está perdendo tempo ali enquanto a vida está passando lá fora. Esse período de adaptação é complicado, mas eu passei por ele relativamente bem. Fiz algumas coisas que acho que foram importantes e determinantes para conseguir atravessar esse período inicial, que é o mais difícil, em que a maior parte das pessoas desistem. Eu coloquei blocos de horários na minha agenda para estudar e dividi bem a questão de trabalho e estudo. Aluguei um apartamento do lado da base aeronaval onde eu trabalhava, em São Pedro da Aldeia, para não perder tempo de deslocamento entre casa e trabalho. Eu tinha uma rotina muito rigorosa de sair do trabalho e ir direto para casa. Tomava banho, descansava um pouquinho, acordava e já estudava. Eu fui muito disciplinado ao estabelecer horários. Mas nos primeiros quatro meses ou cinco, dói em cada ossinho do corpo a cada dia que você senta para ler um livro enquanto a vida está passando lá fora. Depois a coisa inverte.

Entrevistador: Em que sentido?

Hercules: Passa um tempo e você está tão adaptado àquela rotina, totalmente antissocial, que o dia que você não está estudando porque está fazendo alguma coisa na rua — teve que ir em algum lugar, ou algum evento social — você tem a sensação de que o mundo do estudo está passando e você está perdendo tempo ali, fazendo outra coisa. Entendeu? “Deveria estar em casa estudando, cumprindo minha meta, meu planejamento.” Você se sente meio prejudicado por não estar em casa estudando e estar em um aniversário ou qualquer outro evento social “obrigado”, não querendo estar ali. Então a coisa inverte e eu senti isso de forma muito forte. Depois de um ano estudando, a gente passa pelo o que, em navegação, chamamos de point of no return, isto é, o ponto de não retorno. Ou seja, depois de um ano estudando, a vida social estava completamente parada, todos os relacionamentos em modo stand by, eu não falava mais com amigos, só com os muito íntimos, e até a família você acaba convivendo muito menos durante esse período de estudos. Depois de toda essa abdicação de um ano, passei a refutar, a rechaçar completamente o fracasso. “Eu não podia fracassar, já investi muito nisso”. Aí entrei em uma espiral virtuosa segundo a qual quanto mais eu estudava, mais eu estudava. Mais eu mergulhava naquele projeto, mais eu entrava dentro daquilo, mais eu respirava aquilo o dia inteiro e menos eu admitia a possibilidade de não passar na prova.

Entrevistador: Dedicação absoluta, não é? Você estava dando dedicação absoluta porque queria a vitória…

Hercules: Exato. E depois de um ano estudando, a perspectiva de concurso já era bastante concreta. Começou uma movimentação… as pessoas falando “vai sair um edital”. Eu acho que dei uma certa sorte também por haver uma prova ao final de dois anos de estudo. De meados de 2006 a meados de 2008, não lembro o mês exatamente, mas foram 2 anos de preparação forte, e cheguei na prova bem preparado.

Entrevistador: Me falaram que, ao longo desse processo da sua preparação, você compilou a matéria em resumos, não foi? Para poder condensar aquilo tudo. Como é que foi isso?

Hercules: Sim. Esses resumos inclusive foram a origem do material didático que a gente usa no Curso Regular do Curso H. Mas, basicamente, fiz o seguinte: a minha primeira passada na matéria, minha primeira leitura inteira, foi meio despreocupada, no sentido de não me forçar a decorar nada. Me forcei a entender tudo — ou quase tudo — na medida do possível, porque na primeira lida você não entende absolutamente tudo. Mas eu me forcei a entender, sem preocupação de decorar nem de resumir nada. A segunda passada foi demorada. Nesta sim, eu resumi a matéria inteira e fiquei meses fazendo essa segunda passada na matéria. Depois dessa segunda passada, eu alternava entre passadas mais densas e menos densas. Passadas mais detalhadas, mais demoradas e outras onde eu estudava só pelos resumos. Foi uma técnica que eu desenvolvi, funcionou para mim. Escrever me ajudou a memorizar. Não estou dizendo que seja a técnica recomendada, acho que hoje existem várias formas muito mais modernas para você estudar, aprender e reter conhecimento. Na época, a gente não tinha acesso a exercícios, a questões e a grupos de estudos. Era um estudo muito solitário, era somente você mesmo ali. Eu não ia fazer perguntas para eu mesmo responder, não via muito sentido naquilo. Mas hoje tem um monte de ferramentas aí, um monte de questões disponíveis e resumos prontos. As apostilas já estão prontas com o material todo compilado. Então, fazer resumo não sei se hoje seria a melhor técnica de aprendizado, mas para mim funcionou muito bem. Agora no final, João, o que importa, e eu sempre falo para os meus alunos, é o tempo de cadeira. A técnica que você vai usar é muito menos relevante do que o tempo de cadeira. O que conta para você realmente crescer seu nível de conhecimento até você ficar num patamar competitivo é o tempo de estudo. E não é tempo de relógio simplesmente, não. É o tempo onde você tem concentração total e dedicação exclusiva. Tem gente que senta para estudar com isso aqui (celular) do lado. Toda hora ele vibra, mas “ah, tá no silencioso”, acende a tela e a pessoa pega e vê mensagem do WhatsApp. Isso faz com que você não tenha um estudo de qualidade. O estudo de qualidade normalmente é feito sem o celular na sala, ou então com a tela virada de cabeça para baixo, longe do seu alcance e cumprindo metas de quantidade de matéria por dia, horas por dia. Isso que faz a diferença, no final das contas.

Entrevistador: O importante é o foco total que você coloca naquilo ali para absorver…

Hercules: Sim. É um processo seletivo que você tem que respirar a matéria o dia inteiro. Isso tem que virar o foco da sua vida por um certo tempo e depois a recompensa vem, eu não tenho dúvida.

Entrevistador: Quando você passou na prova de 2008, como foi seu período como Praticante de Prático?

Hercules: Durou cerca de um ano… doze a treze meses. Como praticante, foi um período muito legal. É um ano muito intenso, você trabalha bastante. Eu fazia 5 manobras por dia, talvez essa fosse a média. Então é um ano cansativo, mas é muito gratificante. Primeiro que ele é um ano de realização. Você está realizando seu sonho, uma coisa que foi um projeto de vida por tanto tempo e aquilo está ali acontecendo. Você está aprendendo um ofício novo, uma profissão nova, você está conhecendo muita gente nova, você faz amizade com todos os Práticos, manobra com todos os Práticos da Zona de Praticagem. Cidade nova, vida nova. É tudo novo, tudo é novidade. É um ano gostoso, intenso, de muito crescimento em todos os sentidos. É um ano muito legal, só tenho boas recordações.

Entrevistador: E agora a gente está no Curso H, lançando o Curso Básico. Se você quiser falar um pouco sobre ele, para o pessoal que está ouvindo…

Hercules: O Curso Básico é um curso novo. Ele é completamente online. E embora seja online, uma característica forte é o suporte dos professores. Então… a gente tem aulas online que vão sendo disponibilizadas na nossa plataforma de ensino ao longo de dezesseis semanas. Todas as semanas, às segundas, quartas e sextas, a gente vai ter videoconferências com os professores no período da noite. São aulas gravadas, produzidas em estúdio, às quais o aluno pode assistir a hora que ele quiser. E tem o suporte contínuo também, 3 vezes por semana, ao longo de 16 semanas, para que os alunos tirem tudo que é tipo de dúvidas e interrogações. Depois desse período, as aulas ficam disponíveis pelo dobro do tempo na nossa plataforma de ensino. Como tem duração de quatro meses, ele engloba todo o conteúdo programático do processo seletivo, mas não entra num grau de profundidade muito grande em cada uma das matérias. Ou seja, você não termina um curso de quatro meses de duração, por melhor que ele seja, pronto para fazer a prova. O aluno entende a base de todo o conteúdo que cai no concurso e vai ter ali todas as ferramentas e conhecimentos de que vai precisar para, se ele quiser, depois do curso, continuar a crescer sozinho, aumentando o volume e o nível de profundidade dos conhecimentos sobre todos os assuntos do concurso. Essa é a proposta.

Entrevistador: Mas o aluno vai se familiarizar com tudo nesses quatro meses?

Hercules: Tudo, tudo. Ele vai aprender a base de tudo. Ele vai entender, ficar por dentro do problema e vai aprender a base de tudo. Vai saber onde estudar, onde se aprofundar. Se quiser continuar sozinho, ele vai ter plenas condições. Se quiser continuar com a gente em outros cursos, ele também, obviamente, será muito bem-vindo e a gente vai continuar por aqui.

Entrevistador: Só para fechar esse nosso papo, essa jornada toda para virar Prático valeu a pena?

Hercules: Sem dúvida, João. É uma profissão… e olha que a minha profissão anterior, como piloto de caça na Marinha, era uma coisa que eu era apaixonado. Voar caça era uma paixão na minha vida para a qual eu dediquei muita energia por muitos anos. Quando eu fui para o navio, a princípio pensei “pô, nada a ver pilotar avião de caça com pilotar navio”. Mas tem, tem muito a ver. Navio também é uma atividade de pilotagem, embora a velocidade caia de 500 nós para 5 nós… 10 nós, mas a inércia aumenta tanto que você, ao pilotar um navio, ao exercer a profissão de Prático, você tem uma sensação muito parecida com a sensação de quem está em um cockpit de um avião.

Entrevistador: Que legal!

Hercules: Você está controlando forças no tempo e com uma inércia gigantesca. É mesmo muito legal. O frio na barriga em uma manobra difícil se compara ao frio na barriga de um voo normal, não vôos mais radicais (risos), mas um voo normal de um avião de caça. E tem outros aspectos. É uma profissão em que você está em contato com a natureza. Você pega uma lancha para ir trabalhar, a maior parte do tempo o céu está azul e o mar está bom. É uma profissão legal, gostosa de fazer.

Entrevistador: Isso faz a diferença, não é?

Hercules: Sim, faz muita diferença. E tem outros benefícios que às vezes são poucos percebidos por quem está estudando para esse processo seletivo. A qualidade de vida, o fato de você ter uma flexibilidade de horário cumprindo com a sua escala de rodízio, isso é muito legal. Eu me adaptei muito bem ao esquema de trabalho em rodízio. Eu trabalho por 7 dias e aí depois fico um tempo em casa, em que eu não preciso estar na Zona de Praticagem. Posso estar em qualquer outra cidade, posso estar viajando… um esquema de trabalho que você consegue fazer em qualquer Zona de Praticagem do Brasil. Eu gosto muito de ser Prático também por esses motivos.

Entrevistador: Bom, eu acho que é isso. Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar ou alguma coisa que a gente não tenha abordado?

Hercules: Não. Mas só como mensagem final para quem está pensando em começar essa jornada de preparação: vai fundo! Você não vai se arrepender. A profissão é apaixonante, é muito legal. Qualquer período de tempo que você gaste se preparando, se dedicando, abdicando de viver outras coisas, se você não desistir, se você se dedicar com a intensidade que o projeto requer, vai ser muito bem recompensado e vai valer a pena. Acho que a mensagem final é essa. Vale a pena. Mas tem um processo, tem um caminho para percorrer.

Entrevistador: O prêmio é grande. Mas o desafio é grande também.

Hercules: Exatamente, uma coisa é proporcional à outra.

Entrevistador: Hercules. Muito obrigado.

Hercules: Valeu, João. Vários Práticos já tinham dado entrevista aqui e eu não tinha contado a minha história ainda. Muito obrigado a você.

Veja a entrevista no Youtube

Além da transcrição abaixo, você também pode assistir à conversa em nosso canal do Youtube:

Assim como o Hercules, você também pode se tornar um Prático de Navios. O mais novo e completo programa de estudos do Curso H, a Preparação 360, pode te ajudar na realização desse sonho. A preparação reúne os melhores cursos e serviços desenvolvidos pelo Curso H ao longo de mais de uma década, cobrindo absolutamente todos os aspectos da preparação para o concurso de Prático de Navios. Saiba mais.

 

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8 respostas

  1. A faculdade pode estar cursando ou precisa estar concluída?
    Tem algum telefone pra tirar dúvidas sobre o curso? Quando abrem as turmas para inscrever? Onde fica a base?

  2. Obrigado pela entrevista. Tenho uma dúvida:
    Nas ZPs em que há varios Portos, como a ZP de Vitória ou do Rio de Janeiro, como o prático sabe em qual porto vai trabalhar? Posso um dia estar manobrando na Baía de Guanabara, o outro em Angra e num terceiro dia na ferradura? Como funciona essa divisão?
    A mesma coisa para Vitória: os portos de Ubu e Tubarão são muito longes um do outro. Se for o meu dia de trabalho, o que determina que vou fazer uma manobra em um porto ou em outro?

    1. Olá, Francisco. Tudo bem?
      Os Práticos de cada ZP se reúnem e decidem como irá funcionar a sua escala de serviço para atender a portos distantes, desde que esta escala cumpra com todos os requisitos estabelecidos pela Marinha na NORMAM-12. No Rio de Janeiro, por exemplo, um Prático vai para o porto do Açu e passa alguns dias manobrando por lá. Pode haver outra escala separada para o porto do Rio, e outra para a baía da Ilha Grande.
      Abraços

    1. Olá, Leandro. Tudo bem?
      Ficamos felizes em inspirá-lo! Realmente, é uma profissão fascinante.
      Estamos à disposição para tirar qualquer dúvida em relação a essa jornada.

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  1. A faculdade pode estar cursando ou precisa estar concluída?
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    Nas ZPs em que há varios Portos, como a ZP de Vitória ou do Rio de Janeiro, como o prático sabe em qual porto vai trabalhar? Posso um dia estar manobrando na Baía de Guanabara, o outro em Angra e num terceiro dia na ferradura? Como funciona essa divisão?
    A mesma coisa para Vitória: os portos de Ubu e Tubarão são muito longes um do outro. Se for o meu dia de trabalho, o que determina que vou fazer uma manobra em um porto ou em outro?

    1. Olá, Francisco. Tudo bem?
      Os Práticos de cada ZP se reúnem e decidem como irá funcionar a sua escala de serviço para atender a portos distantes, desde que esta escala cumpra com todos os requisitos estabelecidos pela Marinha na NORMAM-12. No Rio de Janeiro, por exemplo, um Prático vai para o porto do Açu e passa alguns dias manobrando por lá. Pode haver outra escala separada para o porto do Rio, e outra para a baía da Ilha Grande.
      Abraços

    1. Olá, Leandro. Tudo bem?
      Ficamos felizes em inspirá-lo! Realmente, é uma profissão fascinante.
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